Ao chegar ao meu trabalho no dia 17 de março de 2014, fui surpreendido com algo inusitado. Talvez demore poucas palavras para lhes revelar, pois, estou ultimamente com um dom literário um tanto aguçado: ou analiso as coisas de forma poética ou descrevo em prosa poética o que acontece ao meu redor.
No final de semana antes deste evento, preparei-me para começar os trabalhos e lancei novos projetos ao mar das esperanças que ora assolam minh'alma.Conversei com várias pessoas da escola que considero amigas e aliadas no ofício de educar. Tratamos de assuntos educativos, só para variar e, retornando ao meu aconchego, busquei momentaneamente esquecer do labor diário,já que nem todo o santo possui em si certo invólucro. Somos pó e ao pó todos nós retornaremos.
Nestes tempos atuais a vida não tem sido nada poética comigo, mas busco tratá-la (a vida) da forma mais linda possível. Ela tem se mostrado rude demais para tão pouco tamanho que tenho, forças para viver ou até mesmo, esperança e fé para subsistir. Mas estamos marchando diariamente num certo batalhão dum exército incerto, que não guerreia para expandir seus impérios ou poderios, mas sim, para sempre estar em pé, para defender-se das interpéries do tempo.
O educador brasileiro e porque não o paulista, tem lutado demais contra vários inimigos ocultos, que se agigantam e face a face nos enfrentam. Tal gigante se personifica em outros tantos monumentos, como a indisciplina, a falta de respeito, a inversão dos valores sociais, a inaptidão em ouvir e a incompreensão. Nossa classe trabalhadora não tem conseguido nem ao menos realizar horário de almoço digno. Saímos do tatame num certo hound e voltamos ao mesmo lugar em espaço de poucos minutos.
Na correria frenética da vida, em muitos momentos, passamos , esbarramo-nos uns nos outros e até mesmo nos esquecemos do trivial "Bom dia", "Boa tarde", etc e nos preparamos para darmos a largada na corrida oficial em busca do troféu da sobrevivência.
Vamos logo ao que me faz parar em frente ao meu laptop para escrever esta singela crônica. Neste dia heroico, passei como um raio e adentrei a sala dos professores. Cumprimentei a todos e logo fui questionado: -- Você viu a sua foto?, respondi-lhes molemente e até de certa forma displicente que não tinha visto.
Apontaram-me o local onde estava à mostra uma bela obra de arte acompanhada de lindas palavras. Olhei para aquilo tudo e senti algo invadir meu coração e as emoções começaram a tomar conta de mim. Estava cara a cara comigo!! Não era nenhum espelho mágico, mas sim a minha caricatura, obra de um grande artista juvenil de talento inigualável, que tive contatos rápidos e em momentos voluntários no Programa Escola da Família, nos finais de semana.
Movido de uma doce alegria, capaz de estimular todos os meus sentidos, carreguei literalmente a minha imagem para tudo o que era sala de aula. Mostrei aos meus alunos e amigos. O fato repercutiu demais na rede social, pois, a imagem de mim era e é impressionante!! Um detalhe único: a caricatura estava mais bonita do que o modelo original e o artista foi generoso comigo, ao acrescentar mais fios de cabelo em minha cabeça!
Levei a obra para casa e mostrei-a para a minha família. O susto e admiração foram iguais. Postei a imagem na rede para compartilhar com os demais amigos a alegria que sentira. Depois disto, comecei a analisar e a considerar alguma coisas entre elas que estou envelhecendo fisicamente. Cuidarei no entanto para nunca envelhecer mentalmente, pois, a palavra que mora em meu ser nunca morrerá e sempre ecoará quando for pronunciado meu nome.
Não penso um dia virar nome de escola, mas quero que seja lembrado pela colaboração dada à Educação. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, envelhece e morre, mas o seu nome e valores perpassam gerações. Uns entram nos anais da história e se enfurnam em grandes enciclopédias que servem de alimento intelectual à jovem sociedade, outros caem no esquecimento sepulcral da mente humana, pela pouca importância que imprimiram na humanidade.
Quero no entanto, ser lembrado por muito tempo, que venham outras caricaturas e outras homenagens, pois, no país do futebol, educador também deve ter a sua vez! Não devemos pensar somente em ganhar mais uma estrela em nossa camisa canarinho, mas sim em transformar a sociedade que por ora fazemos parte, para que as gerações futuras possam ter um mundo melhor, sem violências, sem dores, sem misérias, sem competições desleais e espetáculos de horrores bestiais, a exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro, quando uma mulher honrada, trabalhadora , mãe de família foi morta e esfolada publicamente por policiais monstruosos!
Que outros jovens artistas nasçam e desenhem as realidades de forma poética como aconteceu comigo. Arte com vida é Arte para a Vida! Tal arte serve-nos de espelho para reflexão ,análise do que somos e daquilo que representamos. Qual modelo ou qual imagem passamos aos nossos semelhantes. Por incrível que pareça, um educador sério possui uma imagem tão nítida quanto a de qualquer jogador de seleção que apareça em tvs de led e outras tecnologias. As tecnologias mudam, se aprimoram e se acabam, mas a memória do que um dia fomos nunca será apagada ou desligada de qualquer memória humana. Seremos o que sempre fomos e isto, a arte pode dar-nos uma certa cor e brilho.
