terça-feira, 5 de março de 2013
Aula de Literatura Comparada- aos meus alunos das 1ª A e B- Dona Olímpia Falci e 1ª A-Roque Bastos-Ibiúna-SP.
Soneto: Ao coração que sofre
Olavo Bilac
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
PALAVRA DO PROFESSOR;
Prezados alunos
Este poema (soneto) é bem diferente em relação ao poema Poética- de Manuel Bandeira, pois, Bilac produziu um texto preso às convenções clássicas, em moldes e metrificações. Bandeira por ser um poeta modernista se opunha aos valores clássicos e, demonstrou toda a sua insatisfação ao referir-se de um lirismo que não lhe trouxesse libertação e prazer. Notamos que este soneto de Bilac a estrutura é a de dois quartetos e dois tercetos, com dez sílabas poéticas, com rimas regulares (a,b,a,b); (a,b,a,b);(c,d,e);(c,d,e) e acentuação regular (acentos nas sílabas 3,6 e 9).O tema do poema é o amor(tema mais explorado da poesia em todos os tempos), a sintaxe se inverte (e mais eleva o coração de um homem), ou seja, artificializa-se em relação à fala cotidiana. O eu lírico se coloca em uma posição de sofrimento extremo, embora esse sentimento não se compare ao amor que sente pela pessoa a quem dedica o poema. Há grande herança do sentimento romântico, especialmente na forma como o eu lírico não valoriza somente a pessoa amada, mas também seu próprio sofrimento.Toda essa atmosfera difere em muito do Modernismo, que busca tornar mais informais a fala, as relações amorosas e os sentimentos, imprimindo-lhes carga crítica e irônica.
Compare os versos (cada linha do poema) dos poemas Poética e Ao coração que sofre e sem muito esforço poderemos perceber que em Poética, Manuel Bandeira escreveu de forma livre, sem rimas e sem nenhum compromisso com a poesia de forma fixa, a exemplo de Olavo Bilac.
Forte abraço!
Prof.Sérgio
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